quarta-feira, 27 de julho de 2011

BREVE HISTÓRICO DA HOMOSSEXUALIDADE

1476 (09 de abril) - Leonardo da Vinci comparece perante o tribunal de Florença para responder à acusação de sodomia, juntamente com um tal de Baccino alfaiate, Jacopo Saltarelii ourives, Bartolomeo de Pasquino ourives e Lionardo de Tornabuoni que, como Saltarelli, vestia-se de negro. A pena legalmente prevista era a morte na fogueira, mas eles acabaram absolvidos por falta de provas. Ninguém testemunhou contra os cinco homossexuais, especialmente para não se indispor com Lourenço de Médicis, soberano da cidade toscana e primo de Tornabuoni. A absolvição permitiu que Leonardo da Vinci vivesse mais 43 anos deixando um acervo incomparável de obras artísticas, científicas e culturais. Uma fogueira chegou perto de privar o mundo de um dos homens mais extraordinários de todos os tempos. Quem passou pelas amarguras da homossexualidade foi também seu contemporâneo, Michelangelo Buonarotti. Viveu uma vida de asceta e de trabalho, dilacerando-se entre as paixões que lhe permitiram criar o "Juízo Final" da capela Sistina no Vaticano e sua religiosidade de cristão convicto. Dele é a frase, "O meu contentamento é a melancolia".


1500 - Ao desembarcar no Brasil, os portugueses encontram muitos índios e índias praticantes do "abominável pecado de sodomia".

1521 - As Ordenações Manuelinas, o mais antigo Código Penal aplicado no Brasil, prevê a pena de morte na fogueira, confisco de bens e a infâmia sobre os filhos e descendentes do condenado por sodomia (atividades homossexuais).

1532 - Nas Cartas Régias de doação das capitanias hereditárias el Rei determina a pena de morte aos sodomitas, que pode ser aplicada sem consulta prévia à Metrópole.

1547 O jovem criado em Lisboa, Estêvão Redondo, tido como o primeiro homossexual degredado para o Brasil, chega em Pernambuco.

1557 - Em Viagem à Terra do Brasil, Jean de Lery refere-se à presença entre os Tupinambá de índios "tibira", praticantes do pecado nefando de sodomia.

1575 - André Thevet em Singularités de la France Antarctique, refere-se à presença de "berdaches" (índios travestidos) entre os Tupinambá.

1576 - Pero M. Gandavo no Tratado da Terra do Brasil afirma: "Há índias entre os Tupinambá que se comunicam como marido e mulher".

1580 - Isabel Antônia, natural do Porto, considerada a primeira lésbica a ser degredada para o Brasil, é processada pelo Bispo de Salvador.

1580 - Fernão Luiz, professor mulato, morador na Bahia, mata seu jovem parceiro e sua família para não ser denunciado à Inquisição: é a primeira reação conhecida de um sodomita do Brasil para escapar da ameaça da Inquisição.

1586 - Gaspar Roiz, feitor e soldado da Bahia, suborna um padre para queimar o sumário de culpas que o acusava de sodomia - é a segunda reação conhecida de um sodomita contra a repressão inquisitorial.

1587 - Gabriel Soares de Souza, em seu Tratado Descritivo do Brasil, afirma: "Os Tupinambá são muito afeiçoados ao pecado nefando".


1591 - Padre Frutuoso Álvares, na Bahia, torna-se o primeiro homossexual a ser inquirido pela Inquisição no Brasil.

1591 - Tem-se conhecimento de Francisco Manicongo, escravo africano de Salvador, que passa a ser considerado o primeiro travesti do Brasil.

1592 - Na Bahia, Felipa de Souza passa a ser considerada a primeira lésbica a ser açoitada publicamente pela Inquisição no Brasil.

1613 - Em São Luís, Maranhão, o índio Tibira, um tupinambá, é executado como bucha de canhão pelos capuchinhos franceses, sendo considerado o primeiro homossexual condenado à morte no Brasil.

1621 - No Vocabulário da Língua Brasílica, dos Jesuítas, aparece pela primeira vez referência a "Çacoaimbeguira", entre os Tupinambá, que quer dizer mulher macho que se casa com outras mulheres.

1678 - Um moleque escravo de um Capitão de Sergipe é açoitado até à morte, quando se descobre que era sodomita.

1810 - A adoção do Código Napoleônico retirou os delitos "homossexuais" do Código Penal da França. (ressalte-se que na época a palavra e o conceito de homossexual ainda não existiam como hoje o entendemos).

1821 - A inquisição é extinta no Brasil e põe-se fim à pena de morte contra os sodomitas.

1869 - O médico austro-húngaro Karoly Maria Benkert cria o termo homossexual que passa a ser usado amplamente, passando o homossexualismo a ser tratado como categoria científica, uma "anomalia" a ser estudada pela ciência.


1871 - O parágrafo 175 é introduzido na legislação penal alemã para punir o comportamento homossexual entre homens. É prevista pena de até dez anos de prisão e reeducação para os gueis.

1894 - O termo lésbica é publicado no Brasil pela primeira vez em Atentados ao Pudor, de Viveiros Castro.

1900 (30 de novembro) - Morre Oscar Wilde, poeta inglês que manteve um relacionamento apaixonado e conturbado com o jovem Lord Alfred Douglas, apelidado de "Bosie". Por ter sido acusado de "sodomita afetado" pelo pai de Bosie, o Marquês de Queensberry, Oscar, em resposta, o processa por calúnia. Porém, a homossexualidade ainda era ilegal na Inglaterra e Oscar acaba por ser destruído pelas provas apresentadas, sendo preso pelo rei e condenado por conduta homossexual a 2 anos de prisão com trabalhos forçados. As condições da prisão causaram-lhe uma série de doenças que o levaram às portas da morte. No cárcere escreveu a Bosie uma carta épica profundamente emocionante: "De Profundis", explicando por que ele não poderia mais vê-lo. Quando foi solto, em 1897, procurando aplacar a culpa que sentia, Oscar resolve voltar para junto de seus filhos e sua mulher Constance, dos quais havia se separado para ficar com Bosie. No entanto, a situação não durou por muito tempo e não resistindo à separação do companheiro, Oscar retorna para Bosie, mesmo sabendo que a relação estava condenada. Ele termina a vida como um homem arruinado. É sua a famosa frase: "Neste mundo há somente duas tragédias. Uma é não conseguir o que se quer, a outra é consegui-lo".


Og Maron. Arquivo de Internet.



sexta-feira, 22 de julho de 2011

AMADOR



Você
E todo meu amor
Me sufocam
E o que me consola
É pensar em você
Te imaginar
Do meu lado...

Me destruo, lembro
Que só eu amo
E que sofro tanto por você







Um dia novo
Outro choro de dor?
E a alegria? Onde fica?

Me dói ao te ver na rua
Com outro alguém
E eu como fico?






Meu problema é amar demais
Isso tira o sossego, corrói minha paz
Não sei.

Sofro porque amo?
Amo porque sofro?
Sou amador
Mas amo você.


Og Maron. Fotos de Internet.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

CANÇÃO DA ALTA NOITE (Cecília Meireles)




Alta noite, lua quieta
Muros frios, praia rasa
Andar, andar, que um poeta
Não necessita de casa




Acaba-se a última porta
O resto é o chão do abandono
Um poeta, na noite morta,
Não necessita de sono.




Andar... Perder o seu passo
Na noite, também perdida
Um poeta, à mercê do espaço,
Nem necessita de vida.




Andar... - enquanto consente
Deus que seja a noite andada
Porque o poeta, indiferente,
Andar por andar - somente
Não necessita de nada.

Cecília Meireles.
Og Maron. Fotos de Internet.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

NOITE DE LÍRIOS







Seus olhos com gosto de domínio
Sua boca com sabor de menino
Foram os raios das minhas tempestades sem motivo

Eu queria reviver aquela chuva de rosas
E me agarrar sangrando nos gritos das minhas ideias
Era engraçado arranhar o seu corpo
Te vê arrepiar pra me beijar...
Como foi boa a nossa noite de lírios!

Foi interessante sentir cheiro de margaridas no seu suor
A ternura das violetas no meu olhar
Foram a sua displicência ao pensar em querer mais

Infelizmente não sou tudo
Ou sou e não sei
Nunca te enganei
Muito menos disse que te amava

Você xinga, briga, chora, diz que vai embora mas no fundo, eu sei
Que você não sabe viver sem mim.

Og Maron. Fotos de Internet.